quarta-feira, 24 de junho de 2009

Dois...Um!


Dois seres, dois corpos.
Um e uma.
Duas metades?
Não! Dois inteiros!
Mãos acarinhando,
corpos explorados,
recônditos revelados
numa união intensa.
Dois inteiros
fundidos
Num só ser,
inteiro!

R.S.V.P.



Lê-se para compreender, ou compreende-se para ler?
Pensa-se para existir, ou existe-se para pensar?
Sente-se para entender, ou entende-se para sentir?
Escreve-se para se revelar, ou revela-se para escrever?
Vive-se para sofrer, ou sofre-se para viver?
Encontra-se para amar, ou ama-se para se encontrar?

sábado, 20 de junho de 2009

Quisera ser







O olhar que compreende
e não o que recrimina.
O ouvido que escuta
e não o que ignora.
A mão que acaricia
e não a que bate.
O braço que apóia
e não o que empurra.
O ombro que consola
e não o que despreza.
O corpo que acolhe
e não o que repudia.
A palavra que incentiva
e não a que fere.

sábado, 13 de junho de 2009

Quando








Meu tempo é quando.
Eu sempre caminhando
à procura de novos desafios.

Não me atrai o sempre.
Estático, presente.
Repousa, não ousa.

Quanto ao nunca,
sei que não muda,
nada de novo trás.

O quando é movimento,
é ocasião, é o momento
de fazer acontecer.

O quando é instabilidade,
fundamental qualidade
para se agarrar o agora.

Não há dúvida nenhuma,
nem certeza alguma
mas, meu tempo é quando.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Minha alma tem pressa















Minha alma tem pressa
de reencontrar o caminho
de não se perder nos desvios.

Minha alma tem pressa
de seguir adiante
de não olhar para trás.

Minha alma tem pressa
de retomar os sonhos
de não deixá-los ao léu.

Minha alma tem pressa
de conhecer o desconhecido
de viver o não vivido.

Minha alma tem pressa,
pois não tenho mais tanto tempo,
mas tantas coisas ainda por fazer!

sábado, 6 de junho de 2009

Nunca sempre


Durante quase 50 anos, exatamente 48 anos, nunca faltou uma palavra. Nunca. Sempre houve troca intensa de palavras. Sempre. O que não quer dizer que não tenhamos nos sentido só, às vezes. Mas só às vezes. Nunca sempre.

Durante o namoro, as palavras eram revestidas de mel. Eram tão doces! Mas juramos ser como pombinhos, era o que ele me falava, a vida inteira. Sempre.

Durante o noivado, morando em cidades distantes, as palavras vinham como era possível, então! Cartas diárias, dois telefonemas por semana (a telefonista fazia o contato e esperávamos, às vezes, duas longas horas!) e um fim de semana por mês (depois de uma viagem de 11 horas de ônibus!). A espera pelas palavras revestiam-nas de alguma coisa. Que não consigo expressar... para explicar, sempre falta uma palavra. Sempre. Mas nunca entre nós. Nunca faltou uma palavra. Nunca.

Durante os 46 anos de casamento, sempre juntos. Sempre. É verdade que atravessamos verdejantes planícies, verdadeiros precipícios, caudalosas quedas d’água, cálidos desertos. Sempre juntos. Sempre. Palavra foi o que nunca faltou. Sempre nunca.

Agora, porém, não há mais palavras. Faltam. Tudo falta. Só existe nada. Cartas, telefonemas, fins de semana. Acima de tudo, palavras. Nada!
Palavras que eram a tradução de carinho, cumplicidade, confiança, ciúmes até. Amor, enfim!

E, depois de quase 50 anos, exatamente 48 anos, falta uma palavra. Sempre falta. Sempre faltará. Sempre.
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